E mais uma vez hesitas em responder-me; às vezes acho que gostas de guardar as palavras na garganta como se te servissem de mantimento. Depois fazes sempre o mesmo olhar, esse mesmo que me diz tanto e que nunca me esclarece, esse olhar que tanto me dá o mundo como faz desaparecer o chão debaixo dos meus pés. Mas estás num mundo diferente e então não consegues perceber essa tua capacidade de causar determinados efeitos em mim que se repetem consecutivamente. Odeio que sejas tão ignorante naquilo que diz respeito a ti e a mim, a nós.

Às vezes gostava que o simples acto de encostar a minha cabeça ao teu ombro fingindo cansaço te dissesse mais do que "tenho sono". Mas tu és demasiadamente literal a analisar as coisas e não percebes que o meu amor ao duplo sentido das coisas é demonstrado constantemente em tudo o que faço e digo. E mais uma vez sou incapaz de resistir a esse teu lado que não entende que quando me encosto a ti estou na verdade a tentar guardar o som do teu coração a bater. E acabo por captar uma respiração ofegante de quem não entende ou que não tem a certeza de ter entendido correctamente. És a pessoa mais complicada do mundo.

E depois vejo-te abrir o portão que dá acesso à tua casa e fico parada a olhar, como se o tempo ficasse também entorpecido com a tua imagem. Mas tu pensas sempre que fico a olhar para ti porque não tenho mais nada à volta que me desperte a atenção. Já alguma vez te passou pela cabeça que talvez fique a olhar para ti porque gosto sempre de guardar uma imagem tua? Tenho a certeza que não. Às vezes não entendo como posso gostar de alguém que não me entende e então percebo que nem eu própria me entendo por esse mesmo facto. Complicado, hein? Talvez seja por isso que prefiras a ignorância ao conhecimento e que até me saibas decifrar melhor do que ninguém. Então o caso muda de figura: sou eu que não te entendo.

Somos complicados mas eu consigo viver com essa dificuldade. Consigo viver com o facto de mexeres nervosamente com as mãos sempre que me aproximo um pouco mais de ti, sou capaz de me habituar às tuas palavras gagas quando te olho fixamente nos olhos e não há dúvida alguma de que consigo aguentar perfeitamente a forma como me diriges um sorriso e mesmo estando a alguns metros de mim consegues sentir o meu coração pulsar. Acho que é suposto o amor ser complicado.

escreves mm bem

muito obrigado Garrana :b

de nada
it´s true .

wooow , tá bruto texto .
Tens futuro a escrever